01 fevereiro 2009

A sapiência que emana duma torradeira

Hoje à hora do lanche produzi este pequeno pedaço de sabedoria: julgo que a nossa atitude para com a vida devia ser similar à que tenho com a minha torradeira branca, que me foi oferecida pela La Redoute, a troco de uma qualquer fútil encomenda.
Sempre que a utilizo, preparo-me antecipadamente, aumentando os meus níveis de alerta: clico no meu cronómetro mental, afino a audição, calibro o olhar periférico. Tudo isto acontece porque me frustra esta incapacidade de antever o estrondoso momento em que a fatia de pão é expelida. Certo é que, de cada vez que nos confrontamos, ela ganha, reproduzindo-se um irritante efeito Pavloviano: a torrada salta, a Isabel cor de café salta também.
Não me acho muito do tipo controlador, embora, ok, também não seja de todo "world apart". Mas é impotência aquilo que sinto por não conseguir não me assustar, um pouco à maneira do que sinto quando não evito não fechar os olhos quando espirro. Se bem que neste último caso, a própria Ciência explique o fenómeno - e eu é que não quero que os meus olhos sejam cuspidos em órbita (que a cirurgia à miopia, apesar de só ter custado 500 euros na Misericórdia de Riba D´Ave, foi-me ao psicológico)!
E em relação à vida, é isto mesmo. Por muito que nos tentemos precaver, levamos uma traulitada de vez em quando. Umas vezes é só um susto, solta-se uma pinguinha, mas leva-se a vida prá frente; noutras, temos mesmo de parar para por as peças no sítio. Mas aí reside a beleza desta obra arquitectónica onde nos movemos: o factor imprevisibilidade. Já basta programarmos o micro ondas para aquecer a sopa, fazer a contabilidade dos abonos e descontos mensais a ver se ainda dá para mais um saltinho aos saldos, contarmos pelos dedos das mãos para saber quando é que o cachopo vai nascer (este exemplo é a extrapolar, nada de pessoal, estejam descansados, que não se passa nada, MESMO), etc...
Eu até sou muito apreciadora de gastar dinheiro em Tarots, búzios, linhas das mãos, borras de isabel, perdão, de café, e afins, mas é só para ver se existem mesmo pessoas mediúnicas, que tenham algum tipo de contacto com o futuro, como o Steven Spielberg me fez acreditar na minha adolescência. Porque, meus amigos, não há nada como um belo pincho quando a torrada está pronta. (esta última frase é a verdadeira punch line, wow)

5 comentários:

Anónimo disse...

Es excessivamente minuciosa a dar atenção a pequenos pormenores. Essa caracteristica eleva os padrões de exigencia mas castra a tua natural análise...raisparta a balança. Isso com um peso gordo nao ficaria calibrado???
:)

Ianita disse...

Mas que magnífico pedaço de sabedoria!

É isso mesmo! Por mais que tentemos a treta da torrada vai sempre conseguir assustar-nos e apanhar-nos desprevenidos...

Mas assim não fosse, também não tinha piada nenhuma!

Kiss

Anónimo disse...

Isa uma simples torradeira eheheh!!!
Senti a tua falta este fds na casa da li
Beijoca

FP disse...

esse tipo de reflexões que te desperta a tua torradeira, é protagonizada na minha casa pela minha liquidificadora :D

irre_place_able disse...

De facto, são as pequenas torradeiras da vida que fazem com que esta não se torne tão monótona, e nos ajuda a fugir à chamada rotina diária! :)