07 setembro 2008

Baby steps

Tenho um jipe, coisa e tal, sinal exterior de riqueza, style, auto-confiança hetero-motivada... Portantos, posso perfeitamente deitar papéis borda fora, e, cuidadinho, cortadinhos em pedacinhos bem pequeninhos, qu´é pra se espalharem melhor. Ora aí vai disto!

E deitou-os, efectivamente, borda fora, enquanto esperava o verde anunciado pelo semáforo taipense.

Grande evolução a dele, pensei eu; já deve ter ultrapassado a fase da preocupação de deitar o lixo em andamento, para disfarçar a vergonha (nessa fase, sujeitava-se apenas aos olhares furiosos de quem ali estava naquele preciso momento, que neste momento já ficou mesmo para trás e já não mais o persegue com aquele olhar reprovador, incómodo, cheio de blá blá cívico...).

Parado no semáforo é que é, assumo os meus hábitos de higiene pública. Ele que depois chega a uma praia e é o 1º a dizer "Mas que porcaria de praia badalhoca! Vamos para outro sítio!"

Felizmente, estas são cenas que se vão vendo com menor frequência. Até nem acho que Portugal esteja tão mau quanto isso, se descontarmos a lusa identitária questão das cunhas, os golpes nas filas (vulgas bichas), os putos que vão aos cornos aos professores, o rapto dos multibancos e o strip tease coagido das bombas de gasolina, o xico-espertismo de fugir às finanças e, claro, a insensibilíssima questão de (ainda) abandonar animais em matas remotas.

E como sou 1 pouquinho viajada, permito-me sentir-me vaidosa relativamente, por exemplo, aos italianos, que estão para a presença de ecopontos como nós para a existência de hipermercados na aldeia do Vale da Parrameira de Cima.

Sinto-me europeiamente orgulhosa de pertencer a 1 país que muitos ainda pensam pertencer a Espanha, mas que permite - e aprecia, oh, se aprecia - às mulheres banharem-se em bikini, dançarem livremente, fumarem e beberem, se assim o desejarem, ao invés de muitos, bem, talvez só alguns, governos democráticos deste mesmo continente.

Alegra-me igualmente a autêntica ingenuidade das nossas figuraças anónimas que conferem uma jovialidade extrema a alguns apanhados da TV. (Então aqui no Norte, não desfazendo, é que é! Somos os maiores!)

Isto vai, devagar, mas vai. Este país tem tanta coisa boa! De outra forma, por que é que nos sabe sempre tão bem regressar das férias fora? ;)

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei do titulo. Ou seja, esta merda vai continuar uma merda por mais algumas gerações.Mas também tens razão, isto esta a mudar, para melhor, e Orgulhosamente Tuga! (ter um bom carro é sinal de ter dinheiro não de inteligencia ou respeito)

Anónimo disse...

ena, já partilhamos episódios comuns. ainda recentemente o relatei e agradeço-te a reacção no meu blog. Mas o próximo que eu vir semelhante ao q eu ou tu relataste, irei mesmo às trombas dos individuos. Mas fizeste muito bem em relativizar a questão - nem tudo é totalmente mau. Obrigada, gostei dos exemplos de fora.

Isandes disse...

Pois é, Flávia, tive que ir rever o teu post, k já na me lembrava do teu relato... É capaz de ser mau sinal, tipo AINDA acontece muito... Mas isto vai... Kiss