Não se pode vencer o acaso, não há regras que imponham limites ao azar, e em cada momento recomeçámos de novo, tão maduros para um golpe baixo como estávamos no momento antes.
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(O Quarto Fechado, A Trilogia de Nova Iorque, Paul Auster)
Este senhor escreve muito bem, embora descaia para o fatalismo ultrapessimista. Mas como mesmo assim gostei das suas linhas, aqui vos deixo outra passagem dessa mesma históra, a ver se dou o mote para o fim-de-semana de algum de vocês (tipo make love... MAS pacífico, tá?):
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Tudo aconteceu depois de ela começar a chorar - quando finalmente ficou exausta e as palavras se despedaçaram (...). Levantei-me, embriagado, cheio de emoção, aproximei-me dela e abracei-a num gesto de conforto. Isso fez-nos atravessar o limiar. O simples contacto foi suficiente para despoletar uma reacção sexual, uma recordação cega de outros corpos, de outros abraços, e um momento depois estávamos a beijar-nos, e então, não muito depois disso, estávamos nus na cama dela no andar de cima.
(...) ... estava a transformar aquilo num acto de violência, dilacerando esta mulher como se quisesse pulverizá-la. Eu tinha penetrado na minha própria escuridão, e foi ali que aprendi a coisa mais terrível de todas: que o desejo sexual também pode ser o desejo de matar (...). Esta mulher queria que a magoasse, e foi isso o que eu fiz, e dei por mim a comprazer-me na minha crueldade. Mas mesmo naquela altura, eu sabia que estava apenas a meio do caminho, que ela não era mais do que uma sombra, e que estava a servir-me dela para atacar o próprio Fanshawe [que é filho dela, amigo dele]. Quando me vim dentro dela pela segunda vez - os dois cobertos de suor, gemendo como criaturas num pesadelo -, compreendi finalmente. Eu queria matar Fanshawe.
Mas ninguém matou ninguém, sosseguem. Bom fim-de-semana!
7 comentários:
Está na minha mesinha-de-cabeceira... a sério! Mais um que comprei com a Sábado. E, de todos, pensei para mim, "devia ler coisas de senhores americanos" (n sei se é de facto americano, mas tem ar disso) e pu-lo lá.
Neste momento está à espera que eu termine as 667 páginas do "Roma" do Steven Saylor... Talvez pra semana:)
Este cheirinho que aqui deixaste deixou-me com água na boca.
Kiss e bom fim-de-semana :)
Acho k é Americano, sim. É a 2ª obra k leio dele (Li "A Música do Acaso", acho k é esta a tradução); é alternativo e acho-o 1 pouco repetitivo no estilo, mas tem qualidade. E esta última das 3 histórias é para mim a melhor.
(Também comprei k a Sábado, baratinho...). kiss!
É americano mas adora Lisboa, farta-se de cá vir e até já gravou cá um filme baseado numa sua obra, penso (acho q tb é realizador). Até veio cá pessoalmente lançar o seu último livro.
Isandes, há uns anos escolhi esse livro da biblioteca municipal pra ler em casa (o dinheiro n dá pra tudo..) mas n cheguei a acabá-lo. Após ter renovado por três 3 vezes a requisição resolvi devolvê-lo pq sabia q n o poderia acabar naquela altura. Um dia, quiçá..
Olá! Uma das minhas próximas leituras,a do Paul Auster.Ainda não consegui ver o filme que ele realizou, rodado em portugal.
beijo
E como se chama o filme dele, alguém sabe? Deve valer a pena...
Por acaso não sei, mas lembro-me de pensar que seria uma valente seca. :) Foi bastante falado na altura, mas agora varreu-se-me :)
Kiss
Também me fui esclarecer. O filme que Auster filmou em Portugal é The Inner Life of Martin Frost (A vida Interior de Martin Frost), em 2007, com co-produção de Paulo Branco. "Versão aumentada de um dos episódios do seu romance O Livro das Ilusões", segundo li num artigo. Site em português: http://www.clapfilmes.pt/theinnerlifeofmartinfrost/portugues/index.html
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