Vejo-te ao fundo da rua.
Ligeira, segura,
Dobras a esquina.
Com os olhos dizes que não,
Com os ombros dizes que sim:
Evidentemente que sim.
E conduzes-me tempo fora,
Agora vens, agora sais.
Peço-te sempre demais,
Esta não é ainda a nossa hora.
Verbodegradável
31 março 2018
26 dezembro 2017
Não estava à espera de ninguém. Durante a semana só quero chegar a casa, enfiar-me debaixo do chuveiro e sentir a pele debaixo da água quase a ferver. Seguem-se uma sopa quente ou uma fatia de pizza aquecida no microondas e 1 ou 2 horas entre um zapping sonâmbulo e as notificações das redes sociais. Ninguém do lado de lá da lente. Ouço de novo a porta. Acelero o passo até ao quarto, enfio o roupão com unicórnios e volto descalça à entrada: a luz do corredor está ligada. Coloco o fecho de segurança e entreabro a porta.
- Quem é?
Lembrei-me de ti. Empurras a porta e bate-la ruidosamente com o pé. As tuas mãos nos meus pulsos cerrados e o teu peito contra o meu, arfas como se tivesses corrido uma maratona. Sai-te um calor húmido pelas narinas, que se infiltra poros adentro. Reconheço-te o cheiro morno a desejo que faz anunciar o enredo. O protagonista entumece-se e acaricia-me o alto ventre, já encostados à parede do hall forrada a papel. Sem convite, a tua língua visita-me os lábios. Lambes-me como se lambem as feridas abertas, beijas-me os cantos da boca e a tua saliva chega-me em ondas, uma atrás da outra. Enrolas.te em mim. O protagonista entra em cena, dentro da cena. Penetras-me lenta mas firmemente, como só tu entras em mim; fico quieta e imóvel, como só eu permaneço quando tu estás. E o prazer bate à porta.
- Quem é?
01 outubro 2017
27 junho 2017
Há experiências que surpreendem. Sabia que havia de ser figurante daquele quelho, soube-o pelo menos há um ano.
E foda-se, foi brutal. Primeiro, incomodou-me. Os olhares de lascívia (que o asco acaba por provocar. Irónico, né?), os braços atrevidotes, as línguas masculinas serpenteantes a baterem-me como estalos, os pecados ("##, #!, ..."), aquela onda energética toda de encarnar um arquétipo - a pobreza, o nojo, a luxúria...
Depois: "trabalhar" com pessoas que não têm nome, nem profissão, nem CC, que apenas estão ali por si, pelos outros, pelo momento. e que se vêm a revelar adoráveis, com as quais estabelecemos laços que não sabemos por por palavras.
E ainda: "Ai, que precisava tanto de me rir, menina!; "Passo aqui todos os dias!"; "Como é, gostou? Pró ano volta?"; "Está no facebook?" - (exagero, eu sei...).
E euzinha, claro: as abordagens mandadas a torto e a direito e constatar, quase sempre tarde demais, que alguns dos meus destinatários (que só observava, às vezes, e de bem pertinho) consideravam que eram missivas personalizadas.
E o carinho, e a barrigada de riso com a minha #Aurélia, um show de mulher, e as crianças e os pais e as avós a mostrarem a tacha. E o resgate da minha criança interior. E tudo.💓
18 junho 2017
e mázotra aqui da Isabelucha.
- Quem é este que pôs like na nossa foto? É gay?
- Sim, foi meu aluno.
- Não me é estranho...
- É natural. Já foi à TV. Foi aproveitado pelo padrasto.
(eu e as palavras - relação tão íntima, tão bélica. zûte.)
- Sim, foi meu aluno.
- Não me é estranho...
- É natural. Já foi à TV. Foi aproveitado pelo padrasto.
(eu e as palavras - relação tão íntima, tão bélica. zûte.)
26 março 2017
28 fevereiro 2017
08 dezembro 2016
agora?
- O que é que a chave diz para a fechadura, meninos?
- Não sei.
- Não sei.
- "Vamos dar uma voltinha?" :)
- Agora, professora?
- .
(isto de querer estimular o sentido de humor não será bem uma competência da Educação Especial)
- Não sei.
- Não sei.
- "Vamos dar uma voltinha?" :)
- Agora, professora?
- .
(isto de querer estimular o sentido de humor não será bem uma competência da Educação Especial)
31 outubro 2014
maizoutra
-... exemplos de desastres naturais?
- Esbarramentos!
- Desastres na-tu-rais.
(...)
- Cheias?...
- Muito bem. E mais?
- Vazias!
- .
- Esbarramentos!
- Desastres na-tu-rais.
(...)
- Cheias?...
- Muito bem. E mais?
- Vazias!
- .
17 outubro 2014
16 setembro 2014
22 abril 2014
09 março 2014
04 março 2014
isto do voluntariado...
Faz-se por vaidade, também (mea culpa). E por egoísmo: um hiato em que emigramos dos nossos problemas.
E depois, aquelas situações: afinal, a não-sem abrigo é uma sem abrigo. e não tem cobertores para se agasalhar, porque lhos roubaram. E não parece querer dormir numa instituição talvez porque vê o mundo com aquela insanidade que aparentemente a torna diferente de nós.
(Estes dias fiz um exercício, mais um: ver todas as pessoas como iguais, unas. E não me revi ali, por mais que tentasse.)
E depois, aquelas situações: afinal, a não-sem abrigo é uma sem abrigo. e não tem cobertores para se agasalhar, porque lhos roubaram. E não parece querer dormir numa instituição talvez porque vê o mundo com aquela insanidade que aparentemente a torna diferente de nós.
(Estes dias fiz um exercício, mais um: ver todas as pessoas como iguais, unas. E não me revi ali, por mais que tentasse.)
09 janeiro 2014
a croma andava ausente
mas acordou. ca remédio:
Entrada discreta no wc dos deficientes (era o único, note-se) da Loja do Cidadão, olhar periférico direcionado para o chão e AAIIIIIIIIII! (mania de colocarem espelhos à medida da parede)
Estava ali uma gaja, toda de preto, muito linda, não desfazendo.
Entrada discreta no wc dos deficientes (era o único, note-se) da Loja do Cidadão, olhar periférico direcionado para o chão e AAIIIIIIIIII! (mania de colocarem espelhos à medida da parede)
Estava ali uma gaja, toda de preto, muito linda, não desfazendo.
01 janeiro 2014
20 novembro 2013
27 outubro 2013
05 setembro 2013
05 agosto 2013
14 julho 2013
09 julho 2013
o sr.Universo tem sempre razão, né?
Ontem estava toda entusiasmada (vá, algo) (ok, um pouquinho) para retomar a minha famigerada tese e alongá-la em 30 páginas, agarrando o touro pelos cornos, para mandá-lo de vez para o curral - ou quê.
Mas o sr.Universo enviou-me uma dor nos ombros e lombar. Percebi logo: se é para parar, a malta pára.
Olhe, desculpe, ainda me doi um coche. E tenho calosidades nos pés. E borbulhas na testa. Paro mais umas semanas? Ok, então ´tá.
04 julho 2013
pimenta no rabiosque dos outros
Acho piada. Mesmo. "Ha, ha, ha, o Gaspar e sua esposa foram insultados no supermercado!". Como se coubesse nesse ato toda uma operação de vingança sobre o único culpado deste sítio pantanoso em que nos imobilzámos. E acresce que algumas dessas pessoas que assim partilham esse tipo de notícias (no Fronhas, claro está) são professoras. As mesmas que USAM MAIÚSCULAS para denunciar casos esporádicos de alunos que agridem profes. As mesmas que, quando surge uma outra notícia-"Professor atira ácido para cima de namorada", gostam de frisar que o que está em causa não é a profissão do demente, mas a demência em si. Bah. É só.
30 junho 2013
09 junho 2013
07 maio 2013
ah e tal
diz que tenho um i-thing e que pareço uma basaroca a teclar, parecendo que vou esmagar um mosquito contra o ecrã. :p
30 abril 2013
a proliferação de imagens
com aforismos ligados a bem estar editados no FB (tipo: "Quem me odeia vai cos porcos" ou "A vida dá-nos nos cornos na medida em que precisamos" e afins, mas mais prolixos e sem calão) hão de ser espelho desta necessidade dum sistema de crenças.
De facto, faz-se um esforço por ser-se positivo, mas isto tá muito denso cá em baixo...
De facto, faz-se um esforço por ser-se positivo, mas isto tá muito denso cá em baixo...
16 abril 2013
cerca de 1/3 da população portuguesa no limiar da pobreza
Esta bárbara subida no número de pessoas carenciadas ocorreu num hiato de quê, 2-3 anos? Aflitivaente preocupante. Deduzo que ficam de fora os trintões e quarentões que vivem com papis e casos similares..
Há que agir. Voluntariado, doações, olhares empáticos. Vale tudo.
14 abril 2013
não sei se batido, mas piropo da estação
"Se não fosse divorciado, não me escapavas"
A sério, isto dava um estudo social. Homens e mulheres acima dos 30 com chakras todos f* up, desalinhados como um Renault 5 contra uma parede de betão armado. (Xii, já ´tou a ver o calhamaço.)
A sério, isto dava um estudo social. Homens e mulheres acima dos 30 com chakras todos f* up, desalinhados como um Renault 5 contra uma parede de betão armado. (Xii, já ´tou a ver o calhamaço.)
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