22 setembro 2008

falar e ouvir, conversar e escutar

Nunca mais me esqueço duma teoria qualquer que já não sei quem me contou há algum tempo atrás.

É claro que tinha a ver com homens.

Desta feita, não era para repetir a ideia do "nem com eles, nem sem eles". Tinha a ver com a questão dos homens necessitarem de utilizar menos palavras para comunicarem, quando comparados com o sexo feminino. (A proporção era do género 4,000 palavras diárias para as mulheres vs 3,000 para eles.)

Neste sector da existência humana, devo ter mais hormonas masculinas que femininas... Tenho perdido paciência para remoer assuntos gastos. Isto porque também penso ter perdido a qualidade de os conseguir abordar num prisma diferente. (O que é chato, com esta profissão que eu escolhi.) Mea culpa.

Eu sou um pouco o género de pessoa que tem sempre opinião, mas que tem alguma preguiça em verbalizá-la, especialmente nalguns contextos. Tipo: num bar ou disco, música a altos berros - sou do género de mãos nos bolsos, ou lábios no copo, ou pés ora no chão, ora no ar; é que não tenho paciência para berrar, que fico logo com uma voz muito esganiçada e nada sexy.

Ou então numa fila qualquer. Se me abordarem com um "Parece que vai chover...", não devem obter mais do que "Sim, vi no jornal/net/TV que sim, mas só daqui a 3 dias." Punto. Não é que não goste do "cumbíbio"; gosto muito até. Mas devo ter o meu regulador de relações humanas meio enquinado: se sorrio e sou simpática e tal e coisa, abusam e passam-me à frente porque têm não-sei-quem em casa sozinho; se abro o bico mas erro no tom ou uma piada me sai no timing errado, sinto-me irremediavelmente excluída desse círculo social de pessoas que têm propensão a fazerem amiguinhos em todo o canto e quina... Já não me lembro, mas de certezinha que o meu mapa astral confirma esta areia movediça na área da comunicação.

E os silêncios, como dizia 1 prof meu da faculdade, quem os ouve ou sabe ouvir? Eu cá gosto muito. Mas só se for com malta cá do peito. Há lá coisa pior do que estar com alguém que não conheçamos e truflas, um daqueles looooongos períodos de tempo sem uma única palavrinha? (Quando sinto que um episódio destes se avizinha, faço o favor de estragar logo tudo com uma história obscura qualquer do meu passado; a menos que esteja com os copos, nesse caso, corre tudo bem...)

Comunica-se tanto sem palavras. Acho que os humanos receiam muito a ausência de palavra. Excepto quando a malta está no messenger ou saca do telemóvel para enviar sms a torto e a direito. Mas juro que não me vou pronunciar sobre isso. Aliás, vou comer, até sempre.

3 comentários:

Jorge Rita disse...

Eu aprendi com alguem a saber escutar silencios. É um exercicio muito dificil.
;)

Ianita disse...

Eu tenho opinião sobre tudo. Adoro as palavras e adoro falar, como adoro escrever. Adoro discutir.

A verdade é que com o tempo, tenho dado por mim a não entrar em discussões, a calar-me...

Com os meus amigos e família faço questão de não me calar. Porque um assunto por falar, pode passar de pedra no sapato a muro intransponível.

Com quem não é assim tão amigo... pois, já não estou para me chatear... o que é uma pena... porque parece que vou perdendo a esperança na espécie humana...

Anónimo disse...

Eu gostei e comungo.