12 setembro 2008

Aquele abraço


Um dia desta semana fui tomar café com o people para festejar o aniversário dum fulano. Às páginas tantas, no meio do beija-beija de "feliz aniversário, muitos anos de vida" e de todas aquelas salutares conversas descartáveis, assumi publicamente, como o fizera já inúmeras vezes, que não sou beijoqueira nem abraçadeira. E opinei ainda: "Para mim, um abraço é muito mais íntimo do que um beijo, e portanto, mais difícil de dar." Estava dado o mote.

Ao contrário do expectável, não fomos desenterrar os nosso próprios tesourinhos deprimentes da adolescência, sim, aqueles tempos aúreos das matinés passadas a dançar louca e desenfradamente na discoteca local, mas só até à mui romântica meia hora de slows, altura em que, caso a coisa corresse bem, trocávamos uns chochos com o jeitoso que andáramos a micar a tarde toda.

Não, aquilo desembocou muito rapidamente numa tentativa de tipificação dos tipos de abraços disponíveis. Ora, risota na mesa, "já estás a racionalizar, como sempre", mas o certo é que... não conseguimos descortinar mais do que 4 ou 5 tipos de abraços.

1º, o abraço de trabalho: palmadinha nas costas, sorrisos sonoros, uma das mãos a bater ritmicamente nas costas, a outra enfiada no bolso das calças de vinca. Um que encaixa facilmente na descrição de hipócrita, claro.

Depois, o abraço de tipo cruzado. 2 indivíduos virados um para o outro. Braço direito do indivíduo A por cima do ombro esquerdo do indivíduo B e o outro braço, caso exista, longe de mim olvidar os manetas que tão bem têm representado o nosso país nesta e noutras alturas, certamente, não sei bem, o outro braço, então, por baixo das axilas do lado direito do indivíduo B. (O esquema fica tipo uma estrela de 4 pontas, estão a ver?). Este é muito bom para pessoas de tamanhos diferentes, embora nós, os baixotes, estejamos seemmmpre em desvantagem (novidades?).

Há também o abraço do dominador e do protegido. O dominador agarra a cinta do seu parceiro; por sua vez, este enrosca-se no pescoço daquele. Também é mau para os rasteirinhos.

Ainda, o abraço para pessoas emocionalmente seguras. Cotovelos juntos à sua cinta, mãos a apontar para cima, faça uma pressão moderada contra o dorso do sujeito abraçado. Muito bom para os bíceps, este. Eu treinei este abraço no café com a minha prima e tem um senão: temos que ser muito rápidos a tomar a iniciativa, caso contrário, ficamos por cima, e o ângulo de abertura dos nossos braços torna-se maior, causando assim algum desconforto se o dito abraço se alongar no tempo.

Finalmente, o abraço de amantes, que é uma junção de todos os anteriores, não necessariamente pela ordem supracitada. ;-)

Não sei se nos falhou algum. Lusitano, quero eu dizer. Porque isto dos abraços deve com certeza ser muito cultural.

O certo é que, fora os casamentos, os funerais, festas de finalistas, fins ou pénalties dos jogos de futebol decisivos e encontros de confraternização militar, tenho cá pra mim que as pessoas não se abraçam muito. Eliminem do vosso exercício de visualização os namorados, os esposos, os amantes e amados, os "flirtantes" e afins, e vejam lá se não será assim...

3 comentários:

Anónimo disse...

Pois eu gosto muito de abraços. O freehugs é uma boa forma de dar expressao a essa minha vontade. eu gosto de abraçar. Como tu (coincidência?)gosto muito mais de abraçar do que beijar ou cumprimentar quem quer que seja.
É que guardo os abraços para as pessoas e momentos de facto especiais. Um Abraço ;)

Anónimo disse...

e mais uma vez esta miuda tem razao :)
abraço

irre_place_able disse...

Juro-te que se voltas a escrever um texto com mais de 20 linhas e ainda por cima sem imagens, eu não comento :P Em suma, concordo contigo! Ahah