Não estava à espera de ninguém. Durante a semana só quero chegar a casa, enfiar-me debaixo do chuveiro e sentir a pele debaixo da água quase a ferver. Seguem-se uma sopa quente ou uma fatia de pizza aquecida no microondas e 1 ou 2 horas entre um zapping sonâmbulo e as notificações das redes sociais. Ninguém do lado de lá da lente. Ouço de novo a porta. Acelero o passo até ao quarto, enfio o roupão com unicórnios e volto descalça à entrada: a luz do corredor está ligada. Coloco o fecho de segurança e entreabro a porta.
- Quem é?
Lembrei-me de ti. Empurras a porta e bate-la ruidosamente com o pé. As tuas mãos nos meus pulsos cerrados e o teu peito contra o meu, arfas como se tivesses corrido uma maratona. Sai-te um calor húmido pelas narinas, que se infiltra poros adentro. Reconheço-te o cheiro morno a desejo que faz anunciar o enredo. O protagonista entumece-se e acaricia-me o alto ventre, já encostados à parede do hall forrada a papel. Sem convite, a tua língua visita-me os lábios. Lambes-me como se lambem as feridas abertas, beijas-me os cantos da boca e a tua saliva chega-me em ondas, uma atrás da outra. Enrolas.te em mim. O protagonista entra em cena, dentro da cena. Penetras-me lenta mas firmemente, como só tu entras em mim; fico quieta e imóvel, como só eu permaneço quando tu estás. E o prazer bate à porta.
- Quem é?
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