27 junho 2017






Há experiências que surpreendem. Sabia que havia de ser figurante daquele quelho, soube-o pelo menos há um ano.
E foda-se, foi brutal. Primeiro, incomodou-me. Os olhares de lascívia (que o asco acaba por provocar. Irónico, né?), os braços atrevidotes, as línguas masculinas serpenteantes a baterem-me como estalos, os pecados ("##, #!, ..."), aquela onda energética toda de encarnar um arquétipo - a pobreza, o nojo, a luxúria...
Depois: "trabalhar" com pessoas que não têm nome, nem profissão, nem CC, que apenas estão ali por si, pelos outros, pelo momento. e que se vêm a revelar adoráveis, com as quais estabelecemos laços que não sabemos por por palavras.
E ainda: "Ai, que precisava tanto de me rir, menina!; "Passo aqui todos os dias!"; "Como é, gostou? Pró ano volta?"; "Está no facebook?"  - (exagero, eu sei...).
E euzinha, claro: as abordagens mandadas a torto e a direito e constatar, quase sempre tarde demais, que alguns dos meus destinatários (que só observava, às vezes, e de bem pertinho) consideravam que eram missivas personalizadas.
E o carinho, e a barrigada de riso com a minha #Aurélia, um show de mulher, e as crianças e os pais e as avós a mostrarem a tacha. E o resgate da minha criança interior. E tudo.💓

1 comentário:

Anónimo disse...

Não importa a pele que vestimos. Importa quem somos.