24 julho 2008

O Erotismo - II

O mundo do erotismo é uma espécie de equação onde a atitude elevada ao cubo é adicionada ao corpo humano, multiplicada por um número-primo da provocação, e cujo resultado é o prazer.
O prazer. O Bernardo não-sei-das-quantas dizia que o prazer mata o desejo. E eu diria que, em certa medida, concordo com ele. Aliás, já no tempo do desentendimento causado pela cobra e pela maçã se constava que o fruto proibido era o mais apetecido. É como o bolo cheio de creme pasteleiro, que, petulante, se exibe na montra de uma pastelaria. A gente passa por ele e tenta dar-lhe desprezo; depois, namoramo-lo e sucumbimos ao seu poder. Após lambuzarmos os dedos, mastigamos com dificuldade o balanço da experiência - afinal, tinha mais piada na qualidade de estímulo visual, afinal, não era assim tão especial. É clássico. Com o prazer carnal, as coisas são algo assim: enquanto fantasiamos, damos cartas e só vamos a jogo se, quando e com quem quisermos. Por sua vez, quando nos unimos a alguém, corremos o risco de vermos as nossas expectativas chumbadas. Vá, um exercício de recuo no tempo: como foram as vossas primeiríssimas experiências? Aposto que muito na onda do "ai, não, pára, ai, s..., euh, não, hoje não...".
Não, não sou puritana, não pretendo abraçar a clausura, não sofri desilusão amorosa, nem estou com s.p.m. Idealmente, algumas fantasias devem permanecer no íntimo plano da nossa imaginação. Guardamo-las bem fechadinhas como a nossa touca de baptismo, como aqueles bilhetinhos de amor que recebíamos em miúdos, como Aquela Foto. São nossas. Iremos sempre a tempo de partilhá-las. E, quem sabe, presenteá-las...

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