01 dezembro 2009

timidezes

(imagem daqui)

Logo se precipitaram nos braços um do outro, ávidos de si mesmos. A humidade quente do lábio superior dela conspurcou a frieza da boca dele, já esquecida do enredo do calor humano. Duas línguas que se saúdam timidamente primeiro, descaradamente logo de seguida. Quatro mãos inertes que ganham vida, calcorreando os trilhos de duas timidezes. O teu nome, meu amor?, o teu corpo, que surpresa, tu que agora nem identidade nem olhar tens, súmula de todos os corpos, de todas as fodas que já tomaram lugar no espaço e no tempo. Ele fez deslizar as mãos papudas pelo torso dela, que se contorce, repetidamente, querendo mais, mais, querendo avançar com urgência.
Estão já próximos, tão próximos que o cheiro é quase um só, o cheiro do suor, da pressa, da orgia. Ela puxa-o com ambos os braços, ambas as mãos e ambas as pernas, suga-o, atrai-o para a sua teia. Ele deixa-se puxar, e suga-a, chupa-a também, que sede e que fome encerram estas ordens, e ama-a. Ama-a com beijos, ama-a com o corpo todo. O corpo dentro do dela, como há muito não entrava em lado algum. Um dedo anónimo percorre um dos seios brancos, frágis mas audazes .A língua dele lambe-o também, ao seio branco, em orquestração afinada com o seu membro envolvido nas carnes baixas.
E ondulam as ancas, esbarram-se os quadris, espalham-se as mãos. Ela cerra o punho e lança-o contra o peito do seu amante, que ferve, ferve como um toiro negro. E mmmm, os sons recíprocos, as lamentações irracionais daquele pedaço de desejo em consumação. Ele tem ainda tempo para sair para a acariciar pela primeira vez, uma festa fugaz, mas profunda. Os seus dedos e a sua língua absorveram aquela mucosidade e transportaram-na depois para a boca da mulher que se abre toda. Ouve-se a porta do andar de cima a bater, acorde mudo desta canção. Ela que nunca o havia reclamado, prova do seu próprio sabor quando ele lhe dá mais um golpe de misericódia, sinistro, seco. E ondulam de novo os corpos, agora mais forte e mais forte. Uma melena loira é agarrada e ela vinga-se como pode, espetando-lhe as unhas amareladas no pescoço suado. Um pensamento parece querer chegar, mas a entrada é-lhe negada. Três segundos, quatro talvez, de ausência quase simultânea de respiração. Os joelhos queimados pelo chão parecem sossegar; sim, sossegam. Páram, estão parados agora. E no entanto, aqueles dois corpos permanecem encaixados, sujos de amor, passivos agora. Quietos. Ele desenrola então para o chão. Ela puxa os cabelos para trás da orelha e acocora-se lentamente. Tão juntos estes corpos que esfriam.


7 comentários:

Paulo disse...

poooorrrraaa!!!
este txt n é aconselhado àquele fulano ejaculador precoce de q falaste ontem... :P

Jorge Rita disse...

Poderoso! Leio, volto a ler. e aqui e ali adjectivo mas continua a faltar uma palavra certa para definir..ficam essas.

FP disse...

q grandes porcos :D

oh isa, tens tanto jeitinho....
a mim a lua cheia dá-me pra outras coisas...

(manda estas cenas para uma editora. fogo, tanta merda publicada e o teu talento confinado a um... blog? [sem menosprezo])

Isandes disse...

ó flá, k exagero. obrigada, mas foi só 1 exercício (k já andava pa tentar há algum tempo). (olha, já t pedi desculpa no comment anterior, tá? tava a reinar!)

FP disse...

LOL já li babe, sem stresses. ficou esclarecido e hala madrid!

seria exagero se eu n visse escritas tão bolorentas publicadas. se essas têm direito a abate de árvores a tua pq não? além do mais é excitante ler-te; põe logo uma pessoa a picar.

beijinho (partilha mais excertos desses de quando em vez ou cria um blog só pra eles. fica a sugestão).

Anónimo disse...

Isabel, considerando quem és (e quem sou) na tá mauzito... eh eh eh: etsá muito bom!

Bro

Isandes disse...

;)